Os hospitais da Cova da Beira e da Guarda vão integrar uma rede de telemedicina que os ligará ao Hospital Pediátrico de Coimbra, onde funciona o órgão central de teleconsultas, ao Hospital de S. Sebastião da Feira, ao Santa Marta, de Lisboa, ao Santo André, de Leiria, e ao Maria Pia e à Maternidade de Júlio Dinis, ambos do Porto. A integração das unidades beirãs na rede de teleconsultas, ontem anunciada em Aveiro, no decorrer da conferência "Saúde e Sociedade de Informação", "vai ajudar a melhorar as condições de saúde da população, nomeadamente nos sítios mais remotos, e pode vir a substituir algumas especialidades que não tenham razão de existir em hospitais da periferia", disse Eduardo Castela, dinamizador do projecto.
As teleconsultas que abrangem o Hospital Sousa Martins (HSM), da Guarda, podem vir a mitigar as graves consequências para a saúde infantil da região provocadas pela falta de médicos especialistas. A situação arrasta-se há meses e a Concelhia da Juventude Socialista (JS) da Guarda exigiu, em carta aberta dirigida à ministra da Saúde, Manuela Arcanjo, que seja encontrada "o mais rapidamente possível" uma solução. Para a JS, compete ao Ministério da Saúde, em parceria com a Ordem dos Médicos e os sindicatos da classe, "incentivar e promover a deslocação dos médicos que o interior necessita".
Depois de recordar que tudo isto é "o resultado de uma imperdoável falta de planeamento e gestão dos quadros superiores da área da saúde em Portugal", por parte de quem tutelava o Ministério da Saúde há uns anos atrás, os jovens socialistas salientam que essa situação não se verificaria "se, atempadamente, tivesse sido incrementada a formação de médicos nas universidades portuguesas" e "se fosse evitada a excessiva concentração de profissionais nos centros hospitalares das grandes metrópoles do litoral, deixando ainda mais carente um interior povoado por uma grande percentagem de população envelhecida, que é a primeira a recorrer aos serviços de saúde".
A JS não admite que as crianças, "só porque nasceram na Guarda, não possam ter os cuidados de saúde que o Estado tem a obrigação de lhes prestar", exige do Ministério da Saúde uma resolução rápida para o problema. Os jovens socialistas estão mesmo dispostos a integrar, embora a título particular, a marcha lenta no Itinerário Principal nº5, agendada para o próximo dia 11 de Novembro. Uma iniciativa organizada pelo Movimento "P'la Criança", que, recorde-se, visa protestar contra a falta de pediatras no Hospital Sousa Martins.
FONTE: Público ( Gustavo Brás com LUSA )